1 de nov. de 2010

Trindade é Escriturístico ou apenas um dogma?


Quanto à datação da doutrina da Trindade como tendo surgido somente no século IV, para aqueles alega como verdadeira tem como testemunho práxis sacramentais e os escritos cristãos dos três primeiros séculos com Orígenes, Teófilo de AntioquiaJustino, Hipólito e Tertuliano, na opinião de muitos que crer na trindade.

No Oriente cristão, só há o registo do termo grego "Τριας" nos escritos de Teófilo de Antioquia ("Três Livros a Autolycus", 2, 15) datado de meados do século II. Teófilo de Antioquia foi Teólogo, escritor cristão apologista e Padre da Igreja que, segundo os dados que chegaram até aos dias de hoje, foi o sexto Bispo de Antioquia da Síria.


 Um dos primeiros a utilizar no Ocidente cristão o termo "Trindade", para expressar a unidade divina que existe nas três pessoas distintas, foi Tertuliano, no início do século III, na sua obra Adversus Praxeas (2,4; 8,7), onde ele utilizou o termo latino de trinitas. Tertuliano nasceu em Cartago por volta de 155, exercendo a sua profissão de advogado até quando, em 193, converteu-se ao Cristianismo, passando a exercer também a atividade de catequista junto à Igreja. Em 207, ingressa no movimento montanista.


Esta doutrina, de facto, foi-se apoiando e alicerçando no âmbito da práxis baptismal com Justino Apologia 1, 61, 13 e eucarística Apologia 1, 65.67. Justino nasceu por volta dos anos 100 d.C a mais. Seu lugar de nascimento foi em Flávia Neápolis, na Síria-Palestina, ou Samaria. A educação infantil de Justino incluía retórica, poesia e história. Como jovem adulto mostrou interesse por filosofia e estudou primeiramente estoicismo e platonismo. Justino buscava a Deus que "é a meta da filosofia que dizia Platão.


 Orígenes, de 185 à 253 d.C foi um teólogo e prolixo escritor cristão.Padre da Igreja. Nasceu em Alexandria, Egipto, e faleceu, segundos alguns dados em Cesareia  na actual Palestina ou, mais provavelmente, segundo outras fontes, em Tiro.  Orígenes dedicava-se ao estudo e à discussão da filosofia, em especial Platão e os filósofos estoicos.




Somente depois da pacificação do Império Romano, sob Constantino I, é que ocorreu aquela convergência de factores no concilio de Nicéia onde diversas igrejas e teólogos dialogaram para elaboração de um edifício conceptual acerca da natureza, pessoa, consubstancialidade,  mútua relação e aplicação teológica em explanação da Divindade revelada em Jesus Cristo.


  A doutrina da Trindade divide a Deidade em três Pessoas Divinas separadas e distintas: Deus o Pai, Deus o Filho e Deus o Espírito Santo. O credo Atanasiano declara: 


" Há uma pessoa que é o Pai, outra que é o Filho, e outra que é o Espírito Santo. Mas a Deidade do Pai, do Filho e do Espírito Santo é uma só; a Glória é igual, a Majestade co-eterna... O Pai é Deus, o Filho é Deus e o Espírito Santo é Deus. E, no entanto, eles não são três Deuses, mas um só Deus... Portanto, somos compelidos pela declaração cristã a reconhecer em cada pessoa ser ela Deus e Senhor, também somos proibidos pela religião católica de dizer que estes sejam três Deuses, três Senhores." 

Isto é obviamente uma auto-contradição. É o mesmo que dizer que um mais um, mais um são três, mas que são ao mesmo tempo um. Se existem três pessoas divinas separadas e distintas e cada urna delas é Deus, então é porque há três Deuses.


A Igreja Cristã reconhece a impossibilidade de conciliar a crença em três seres Divinos, com a unicidade de Deus, e conseqüentemente declara que a doutrina da Trindade é um mistério, no qual a pessoa deve acreditar cegamente. Eis o que escreve o Reverendo J. F. De-Groot no seu livro "Catholic Teaching" (Ensinamento Católico): 

"A Mais Sagrada Trindade é um mistério no sentido mais estrito da palavra. A razão sozinha não pode provar a existência de um Deus Trino  é a Revelação que o ensina. E mesmo depois que a existência do mistério nos foi revelada, permanece impossível para o intelecto humano entender como Três seres têm só uma única Natureza Divina.“ 

É bastante estranho que o próprio Jesus  jamais sequer mencionou a Trindade. Ele não  disse nada sobre existirem três Pessoas Divinas na Deidade. A concepção dele de Deus não era em nada diferente à dos profetas israelitas anteriores, que sempre haviam pregado a Unicidade e nunca a Trindade de Deus. Jesus não fez senão ecoar os profetas que o antecederam quando disse: 

"O primeiro de todos os mandamentos é este: Ouve, é Israel: Jeová, nosso Deus, é um só Jeová; e tens de amar a Jeová teu Deus, e de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de toda a tua mente, e de toda a tua força." Marcos 13: 29 e 30


Ele acreditava em Um Ser Divino, Um Deus, como é evidente do ditado que segue: 


" É ao Senhor, teu Deus, que tens de adorar e é somente a Ele que tens de prestar serviço sagrado." Mateus 4: 10


A doutrina da Trindade foi cunhada pelos “cristãos” cerca de trezentos anos depois de Jesus. Os quatro Evangelhos Canônicos, escritos entre os anos 70 e 115 da era Cristã, não contém qualquer referência à Trindade. Nem Paulo, que estabeleceu boa parte do Cristianismo sabia de qualquer coisa sobre o Deus Trino. 

A New Catholic Enciclopedia (Nova Enciclopédia Católica), que ostenta o Nihil Obstat e o Imprimtur que indicam a aprovação oficial (da Igreja), admite que a doutrina da Trindade fosse desconhecida aos primeiros cristãos e de que ela foi formulada no final do quarto século.


" É difícil, na segunda metade do século 20, oferecer uma narração clara, objetiva e honesta da revelação, da evolução doutrinária e da elaboração teológica do mistério da Trindade. O debate Trinitário, tanto pelos católico-romanos, como por outros, tem um delineamento algo incerto. Duas coisas aconteceram. Há o reconhecimento por parte dos exegetas e teólogos bíblicos, incluindo um número sempre crescente de católico-romanos, de que não se deve falar do Trinitarismo no Novo Testamento sem uma autenticação mais séria. Há também o reconhecimento bastante paralelo por parte dos historiadores do dogma e dos teólogos sistemáticos, de que quando se fala de um Trinitarismo não-corroborado, está-se transferindo o período das origens do Cristianismo para, digamos, o final do século quatro. Foi somente nesta época que aquilo a que poderíamos chamar de dogma Trinitário definitivo ‘’um Deus em três seres" foi assimilado decisivamente na vida e no pensamento cristão.



" Um pouco mais adiante a mesma Enciclopédia (página 299) diz ainda mais decididamente: 


" A formulação ‘’um Deus em três’’ não estava solidamente integrada à vida cristã e na sua profissão de fé antes do final do século 4. No entanto, é precisamente essa formulação que reivindicou o título de dogma Trinitário. Entre os padres apostólicos nada havia que sequer remotamente se aproximasse de tal pensamento ou perspectiva.



" Portanto, a doutrina da Trindade não foi ensinada por Jesus, não é encontrada em lugar algum da Bíblia (quer no Antigo quer no Novo Testamento), era completamente estranha ao pensamento e perspectiva dos primeiros cristãos; tendo-se tornado parte da fé cristã mais para o final do quarto século.

Considerado também racionalmente, o dogma da Trindade é insustentável. Ele não é apenas algo além da razão, como é também repugnante a esta. Como dissemos antes, a crença nos três seres Divinos é incompatível com a unicidade de Deus. Se existem três seres distintos e separados, então devem existir três essências distintas e separadas, já que cada pessoa é inseparável de sua essência. 

Portanto, se o Pai é Deus, o Filho é Deus, e o Espírito Santo é Deus, então, a não ser que o Pai, o Filho e o Espírito Santo sejam três declinações distintas, eles devem ser três Essências distintas, e conseqüentemente, três Deuses distintos. Outrossim, as três Pessoas Divinas ou são infinitas ou finitas. Se infinitas, então existem três Infinitos distintos, três Onipotentes, três Eternos, e, portanto, três Deuses. Se eles são finitos, então somos levados ao absurdo de conceber um Ser Infinito como tendo três modos finitos de subsistência ou três seres que são separadamente finitos que conjuntamente formam um infinito. O fato é que se os Três seres são finitos, então nem o Pai, nem o Filho, nem mesmo o Espírito Santo é Deus.



Confira também:




Fonte: www.avozdedeus.org.br e www.wikipedia.org

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